Delfts Blauw: conheça a famosa cerâmica artesanal holandesa de tons azulados
Pintura em azulejo ‘A ronda noturna’ (Tegeltableau De Nachtwacht). Homenagem ao quadro homônimo do famoso pintor Rembrandt van Rijn, de 1642. Este painel em cerâmica possui a mesma dimensão do quadro original de Rembrandt, e é constituído por 480 azulejos. Fotografia: Denis Giannelli – Acervo do museu Royal Delft.
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Ao retomar as atividades de seu blog, a Reveste Online apresenta um panorama sobre o revestimento artesanal na Europa. Durante uma viagem técnica pelo velho mundo, visitamos os principais polos históricos da produção cerâmica de caráter artístico e, assim, trazemos para o leitor uma sequência de histórias contando as novidades que encontramos. Começamos hoje pela cidade de Delft, nos Países Baixos, os quais são deste lado do Atlântico também conhecidos como ‘Holanda’.
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Com uma população pouco maior que 100.000 habitantes, Delft está localizada no coração dos Países Baixos, mais especificamente na província de Zuid-Holland (Holanda do Sul) a qual, juntamente com Noord-Holland (Holanda do Norte), forma a histórica região denominada Holanda, cuja expressão artística e mercantil atraiu conhecimentos técnicos e manifestações culturais de diversas partes do mundo. Um panorama desta rica histórica de Delft está representado no centro da cidade por meio do painel em pastilha e cerâmica denominado Kaart van Delft, isto é, Mapa de Delft.
Ao visitar a cidade de Delft, o viajante logo se depara com as belezas da paisagem holandesa abaixo do nível do mar, composta por canais navegáveis, igrejas góticas, predinhos medievais revestidos em tijolos, tulipas, o famoso queijo Gouda e, claro, pessoas bem altas!
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A Praça do Mercado, em neerlandês chamada de Grote Markt – ou simplesmente Markt –, é o charme principal da cidade de Delft, atraindo turistas e moradores da cidade em seus bares, cafés e restaurantes. E logo ali encontramos também lojas especializadas em Delfts Blauw, isto é, o ‘azul de Delft’, que confere a esta cidade sua fama internacional na produção cerâmica.
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A história do Delfts Blauw tem origens ainda no século XVI, durante a época das grandes navegações, quando a cerâmica chinesa foi apresentada à Europa. A figura de Marco Polo, grande navegador veneziano, está diretamente relacionada à chegada das técnicas orientais de decoração em cerâmica. Mas foi somente por volta do século XVII, isto é, durante o famoso Goude Eeuw – o século de ouro holandês – que a Companhia Holandesa das Índias Orientais trouxe para a cidade de Delft as técnicas da pintura em cerâmica. À época, a cidade já era conhecida por ser uma rota comercial importante no norte da Europa, e ficou famosa também no meio artístico por sua produção em cerâmica.
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O processo produtivo do Delfts Blauw ainda hoje atende aos padrões tradicionais da época em que foi desenvolvido. Em um primeiro momento, as peças são moldadas para ganhar a forma desejada, como por exemplo vasos, louças, pratos, azulejos, entre outros produtos. Em seguida, o processo de secagem garante a solidez necessária para que a peça vá ao forno pela primeira vez. E a partir daí começam os trabalhos de pintura artesanal. As peças de Delfts Blauw são ornamentadas com um pigmento formado por óxido de cobalto, cuja coloração original é preta. Juntamente com o pincel e água, o artesão dilui a tinta para produzir o efeito desejado, seja ele um acabamento aquarelado, com tons mais delicados, como também traços fortes que marcam a geometria das figuras desenhadas. Uma vez finalizada a pintura, a peça vai novamente ao forno, desta vez a uma temperatura de aproximadamente 1200 graus Celsius e, assim, a reação química transforma o pigmento originalmente preto na típica coloração azulada de Delfts Blauw. Embora a cerâmica de Delft seja famosa sobretudo pelo azul, outras técnicas, a exemplo do policromado, permitem o acabamento das peças em diversas tonalidades combinadas.
Etapas de pintura das peças cerâmicas. Acervo do museu Royal Delft. Etapas de pintura das peças cerâmicas. Acervo do museu Royal Delft.
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Ao visitar a cidade de Delft, o turista pode observar de perto a beleza da cerâmica artesanal holandesa, cujos tons azulados cativam viajantes de todas as partes do mundo. Lojas especializadas na venda do Delfts Blauw estão localizadas no centro histórico da cidade, oferecendo a seus clientes todos os tipos de produtos pintados à mão por artesãos especializados. Embora estas peças manufaturadas possuam valor razoavelmente elevado, outra opção mais em conta são as peças industrializadas, cujo desenho é impresso na cerâmica por máquinas. Neste último caso, azulejos decorativos podem ser encontrados na faixa de dez euros!
Loja Heinen Delfts Blauw. Endereço: Markt 30, 2611 GV Delft. Museu e Fábrica Royal Delft. Endereço: Rotterdamseweg 196, 2628 AR Delft.
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De qualquer maneira, a melhor experiência fica a cargo da visita ao museu Royal Delft Koninklijke Porceleyne Fles, localizado na Rotterdamseweg 196. A Royal Delft, originalmente estabelecida em 1653, é a única fábrica remanescente do século XVII que ainda produz peças Delfts Blauw pintadas manualmente de acordo com a tradição secular. Durante a visita, o visitante pode conhecer sobre a história, artesanato e inovação da companhia. Diversos painéis em azulejo estão expostos no museu, reforçando a tradição da cerâmica artística na arquitetura holandesa. Entre estes painéis, destaca-se a imponente pintura em azulejo Tegeltableau De Nachtwacht – ‘a ronda noturna’, uma homenagem ao quadro homônimo do famoso pintor Rembrandt van Rijn, de 1642. Este painel em cerâmica possui a mesma dimensão do quadro original de Rembrandt, e é constituído por 480 azulejos! Confira abaixo alguns dos principais destaques do museu Royal Delft.
Fotografias: Denis Giannelli
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Ficou interessado(a)? Entre em contato conosco para saber mais informações sobre a cidade de Delft e sobre o azul de Delft! E ah, claro! Caso visite a cidade, não deixe de provar as guloseimas tradicionais da região, entre elas: o tompouce, famoso doce mil-folhas holandês com creme de ovos e glacê de açúcar; e a appeltaart met slagroom, tradicional torta de maçã com chantilly, disponível no café Kobus Kuch.
Tompouce, famoso doce mil-folhas holandês com creme de ovos e glacê de açúcar. Appeltaart met slagroom, tradicional torta de maçã com chantilly.
Fotografias: Denis Giannelli
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Continuando nossa visita técnica pelo velho mundo, a Reveste Online faz sua próxima parada acontece em outro canto da Europa, que para nós brasileiros é muito especial. Visitaremos a cidade de Lisboa, em Portugal, cuja tradição secular da arquitetura e urbanismo em azulejo se mistura com o design contemporâneo na produção cerâmica. Até breve!
Parabéns pelo post, muitas informações interessantes sobre a cidade e sua tradição na arte da cerâmica!
Obrigado, Silvia. A visita ao museu Royal Delft vale muito a pena, é um complemento ao charme da cidade em si.
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